terça-feira, 21 de abril de 2009

O SILÊNCIO DOS BONS
Paulo Roberto Accioli

O que mais me preocupa não é o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética. O que mais me preocupa é o silêncio dos bons. Com esta frase Martin Luther King expressou toda a sua preocupação, revolta e indignação diante do silêncio e omissão das pessoas de bem, que por medo ou opressão, não se manifestavam no nascedouro do racismo nos Estados Unidos da América.

No Brasil, notadamente no Rio de Janeiro, parece-me que a situação é a mesma em relação ao caos instalado na saúde pública pela administração César Maia. O prefeito provou à população carioca que, além de faltar com a verdade, é irresponsável, boicota o atendimento à população, não tem capacidade para gerir o sistema de saúde carioca, além de ser talentoso em tomar atitudes de mau caráter.

O que as pessoas de bem esperam para sair do silêncio e omissão que se encontram e dar uma resposta a despreparada administração Maia, sucedida por Eduardo Paes e sua escabrosa bengala, o governador Sérigo Cabral, acabando de vez no Rio de Janeiro com a dinastia imposta pelo prefeito e seus seguidores elitistas?
De que adianta César Maia e seus atuais sucessores “maquiar” os hospitais, se médicos, equipamentos e remédios são peças raras nessas unidades hospitalares? De que adianta os PAMs abrirem 24 horas, se lá não existem pediatras à noite e aos sábados e domingos? Tudo isto sem contar a falta de alimentação adequada para os pacientes que lotam corredores, deitam em macas geladas ou são atendidos de forma precária, numa total falta de respeito aos valores da vida.

O que existe hoje nos hospitais da cidade, é um ambiente corporativo recheado de pessoas que, em benefício próprio ou de terceiros, agem com total falta de ética, profissionalismo, caráter e parcialidade pré-concebida, que nega atendimento médico não se envergonhando de estar mancomunadas com as sandices praticadas contra a saúde pública.
São Administradores, médicos e diretores, sendo, estes em sua maioria, ocupantes de cargos por indicação de políticos “bons de votos”, que praticam a nefasta política fisiológica e clientelista aliado a falta de absoluto compromisso com a ética e moral, que não falam com a imprensa, pois, o prefeito amordaça suas silenciosas bocas, não interagem com a comunidade e estão sempre escondidos em falsas reuniões. É só conferir. Procurem, por exemplo, o diretor do Hospital Salgado Filho, no Méier, que para livrar-se das “indesejáveis” cobranças e familiares de doentes, criou uma ouvidoria. Ora, quem tem que ouvir é o próprio diretor. Afinal, ele está lá para isso e é bem pago, aliás, com o dinheiro de quem clama por socorro, e ainda passa por constrangimento e, pasmem, até agressões praticadas por seguranças truculentos e mal educadas. Acreditem, é verdade, aconteceu de forma violenta no hospital sediado no Méier em setembro de 2006, quando um senhor de 58 anos e um menino de 14, foram covardemente agredidos por seguranças a socos e tapas, sendo ambos medicados no próprio hospital, com queixa registrada na 23ª DP. Que absurdo, não? O senhor teve os dentes superiores amolecidos e o nariz sangrava muito. O menor levou um violento tapa no ouvido, tendo que ser radiografado. Será que o agressor fez curso no IRA, ou teve treinamento com o terrorista saudita Bin Laden?

Os políticos oportunistas aparecem a rodo quando há manifestações públicas que clamam por saúde, prometendo providências que nunca são tomadas. O presidente do Sindicato do Médicos, Jorge Darze, é useiro e vezeiro em aparecer diante de programas de rádio e televisão afirmando que fez e aconteceu, porém, a situação não se modifica. Recentemente obteve espaço de 6:40 minutos num programa de TV (RECORD), dirigido por um apresentador que faz o estilo caras e bocas, brincalhão, largadão, achando-se garotão, que outrora se denominava “o chicote do povo” e hoje diz que escracha. Só diz. Darze afirmou que a justiça, através da 8ª Câmara Cível, mandou contratar médicos para suprir as necessidades imediatas dos hospitais. Onde estão eles? Maia está sorrindo das bravatas do apresentador e do, coitado, dirigente sindical.

Aos bons que se silenciam, um alerta: a saúde no Rio de Janeiro não está no limite como afirmou um jornal de grande porte, a saúde passou dos limites e virou uma total inutilidade gratuita, portanto, é necessário que bocas se abram, que exista uma doce explosão do silêncio guardado por 16 anos de uma administração caótica, aloprada e incompetente, que os hospitais que se tornarem referencia, assim como todos os outros, para que os Jogos pan-americanos funcionem de verdade, com ética, profissionalismo e respeito pelos direitos do cidadão.

Que o silêncio dos bons exalte a sabedoria, na hora de escolher novos mandatários para a cidade do Rio de Janeiro, pois, César Maia e sua curriola não enxerga que o verdadeiro sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância e, aqui, me permito plagiar Sócrates na tentativa de tirar a mordaça que silencia a boca dos bons.
Permito-me também afirmar que, aqueles que brincam com a saúde pública, deveriam ser encarcerados. A diferença entre Fernandinho Beira Mar, Marcola e eles é nenhuma. Beira Mar e Marcola fornecendo ou tratificando drogas, também brincam com a saúde pública. Os dois estão devidamente trancafiados (até quando?) em presídios de segurança máxima. Fizeram o que não devia: brincaram com doentes, pois, toxicômanos são pessoas doentes que também precisam de tratamento como os que ficam nas intermináveis e revoltantes filas dos hospitais administrados pelo “Poder Municipal” e Estadual.

Na Roma antiga, os gladiadores quando entravam em combate curvavam-se ao Imperador e exclamavam: Ave César, Morituri Te Saludant, que significa traduzido do latim: salve César, aqueles que vão morrer te saúdam. A população carioca que procura os hospitais públicos está morrendo a mingua, e os bons não podem curvar-se silenciosamente ante ao César carioca. É necessário que o “Império” construído pelo prefeito caia, como caiu a bastilha na França.

Diante do “Samba do Crioulo Doido” (que saudades de Sérgio Porto) instalado na combalida e doente saúde carioca, o que pensa César Maia que recusa ajuda federal e, quando esta chega, é à força, através de intervenção vinda de Brasília, aquele Planalto Central recheado de escândalos, roubos, CPIs e outras canalhices que o povo brasileiro já se acostumou?
Maia, na maior cara de pau e com óleo de peróba nas mãos, disse que a intervenção foi política e fora de ora na tentativa de esconder a sua incompetência, com olho grande, na concepção da palavra, nos votos que lhe deu absurdo poder. Na hora do voto, este deveria ir doente também para o prefeito ou anulado pelo TRE. e, por falar em voto, César Maia já saiu na frente pela corrida do seu sucessor na prefeitura.
Mandou pesquisar três nomes, entre eles o do deputado federal (eleito) e ex-secretário de Maia, Índio da Costa, aquele moço que está sendo investigado em alguma CPI preparada por algum pizzaiolo fajuta, sobre desvio de verbas da merenda pública, superfaturamento ou qualquer outra sacanagem, também já velha conhecida nossa. Imaginem o “Índio” comandando a tribo carioca? Sem querer entrar em considerações filosóficas, adianto que nada tenho contra índios, apenas contra os que usam o nome deles para espoliar o dinheiro público. Espero que este “’Índio” seja inocente. Melhor para a boca dos milhares de baixinhos e famintos inocentes que merendam na rede municipal.

Se o prefeito e seus comandados deixassem os ranços políticos a ingenuidade de lado, perceberiam que a derrota nacionalmente estrondosa que seu partido sofreu no último pleito, são os frutos colhidos por administrações caóticas, fraudulentas e populistas. Maia também deveria perceber que está penetrando no perigoso jogo da falta de ética nos ataques dirigidos a quem lhe critica e, no caso da saúde carioca, perceberia que poderá trilhar senda perigosa que certamente o levaria acusações de cumplicidade em crimes, pois omissão de socorro é crime previsto no código penal.
Para tal, uma ação pública contra ele é o bastante para acusa-lo. Argumentos para isso não faltam, é só o povo querer, e os tribunais estão lá para acatar essas denúncias. Chega de rotular a população carioca de parvos e bobalhões. Chega de açoitar o doente com o látego da falta de caráter e pudor, chega da falta de empatia e respeito por quem clama por socorro. Basta César, você é o responsável direto pelo caos instalado. Coloque-se um pouquinho no lugar de quem procura por socorro, nem que seja só na imaginação. A propósito, qual é o hospital público que você ou algum de seus familiares procuram quando ficam doentes? Acho que nenhum. São relapsos com a saúde, porém, não sou loucos.

Nos hospitais da rede municipal de saúde, tudo é difícil, não há alternativas e os médicos precisam trabalhar com toda ambigüidade e o equívoco de ser um cão sem raça e com dono, excessivamente dono. Que o silêncio dos bons se manifeste, pois, é preciso mudar. Com urgência.

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