terça-feira, 21 de abril de 2009

MAIS UMA SANDICE DA PREFEITURA
Maternidade sofre com superlotação e descaso

Pacientes em macas e cadeiras, equipamentos quebrados, superlotação de até 140% da capacidade e poucos médicos para prestar os atendimentos. Esses são alguns dos problemas encontrados na Maternidade Alexander Fleming, hospital de referência neonatal, em Marechal Hermes, na Zona Norte do Rio. Uma inspeção realizada ontem pelo Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro verificou que a condição de segurança e qualidade do atendimento está gravemente comprometida e põe em risco mães e seus bebês.

O problema de superlotação na maternidade é antigo. De acordo com uma médica que trabalha no hospital e prefere não se identificar, desde 2003, quando começou a trabalhar na unidade, a situação é preocupante.

- Somos elogiados por receber pacientes e mães de portas abertas. Mas essas condições de trabalho ferem a ética médica, faltam recursos humanos e estruturais - denuncia a médica. - Muitas coisas que estão ruins poderiam ser resolvidas com boa vontade.

Para o carnaval deste ano, a equipe médica preferiu se prevenir. Com a ajuda do sindicato, encaminhou, na segunda quinzena de janeiro, um documento à Secretaria Municipal de Saúde solicitando mais profissionais para conseguir dar conta do aumento de atendimentos. Porém, até agora nenhuma medida foi tomada.

Novos médicos

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde reconhece que "a maternidade Alexander Fleming, assim como outras unidades da rede, enfrenta demanda além de sua capacidade física, uma vez que é referência para a Zona Oeste e até mesmo para outros municípios". Mas alega que com "a política de não recusar pacientes, as unidades municipais encontram-se quase sempre com lotação acima de sua capacidade". Ainda de acordo com a secretaria, serão contratados mais profissionais para completar o quadro de funcionários e concursos serão realizados. Mas a assessoria não informa uma data para as novas contratações.

A inspeção constatou que a unidade tem 120 leitos disponíveis. O número, porém, não é o bastante e sempre é preciso utilizar cerca de 20 macas auxiliares. Como foi visto ontem, as mães recém-operadas são examinadas nos corredores e muitas vezes aguardam sentadas em cadeiras, quando as macas já não são suficientes.

Outro problema é a ausência de unidade de tratamento intensivo. Para a secretaria, como a Alexander Fleming não é referência para alto risco materno, o hospital deve acionar a Central de Regulação do Estado e remover as pacientes para outras unidades . Entretanto, os médicos alegam que a burocracia para a transferência de pacientes chega a demorar seis horas e muitas vezes não são encontradas vagas.

- Há três semanas, os médicos atenderam uma mulher com nove meses de gestação e problemas cardíacos, que esperou quase duas horas e meia para a remoção e acabou perdendo o filho. Se o atendimento tivesse acontecido imediatamente, a crianças estaria viva - diz o presidente do Sindicato dos Médicos, Jorge Darze.
[ 14/02/2008 ]

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