terça-feira, 21 de abril de 2009

MATÉRIA PUBLICADA NO GLOBO
Comissão flagra irregularidades no Salgado Filho (11/01/2006 - 16:56)

Ana Wambier

Baratas numa enfermaria, pacientes amontoados pelos corredores e na CTI, falta de condições mínimas de higiene e lixo circulando na emergência entre doentes que aguardavam por leitos. Estes foram problemas flagrados ontem pelo Sindicato dos Médicos em nova vistoria na rede pública de saúde, dessa vez no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier. A comitiva fotografou as irregularidades.Para o sindicato, a situação é tão grave que já ultrapassou o âmbito da saúde pública, tornando-se um problema de direitos humanos. Por isso, Jorge Darze, presidente da entidade, decidiu convidar o secretário nacional de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, a visitar os hospitais do Rio, em especial o Salgado Filho. A vistoria teve a participação de parlamentares, como os deputados Paulo Pinheiro (membro da Comissão de Saúde da Alerj) e Fernando Gusmão (relator da CPI da Saúde).Emergência funciona em espaço improvisadoA emergência do Salgado Filho está funcionando provisoriamente no espaço antes destinado ao ambulatório. O lugar é apertado e só tem um banheiro. Médicos do hospital dizem que as condições de higiene são precárias. Além disso, o tomógrafo quebrou há 15 dias e não há aparelho de ultra-som, impossibilitando avaliações mais precisas do estado de saúde de pacientes.A nova emergência está em obras há longos três anos. Segundo a Secretaria municipal de Saúde, deverá ficar pronta em agosto e terá cem novos leitos. Os médicos, prevendo o aumento da demanda, pedem reforço de pessoal.Enquanto isso, o secretário de Saúde, Ronaldo Cézar Coelho - que reassumiu o cargo ontem - tentava resolver os problemas de outro hospital, o Souza Aguiar. Na semana passada, médicos denunciaram as precárias condições de funcionamento do centro cirúrgico, que acarretaram no cancelamento de centenas de operações. Além disso, a Justiça determinou que fossem tomadas providências, sob pena de prisão do secretário e do diretor do hospital.À noite, Ronaldo comunicou à Justiça as medidas tomadas: seis carrinhos de anestesia, que estava quebrados, foram consertados, somando-se a quatro em atividade. Além disso, mais quatro foram adquiridos.O diretor do hospital, Paulo Marçal, está propondo ao corpo clínico um mutirão no fim de semana para realizar as cirurgias canceladas. Ontem, depois do conserto dos carrinhos, 17 operações foram realizadas até 18h30m (a média histórica do hospital chega a 40).- Não há mais problemas no Souza Aguiar - disse o secretário, afirmando que o sindicato está tentando politizar a crise na saúde com a proximidade das eleições.Ronaldo também afirmou que os problemas nas emergências se devem principalmente ao excesso de demanda, decorrente da 'importação' de pacientes da Baixada Fluminense, onde municípios não investiriam em saúde básica.Para combater os problemas, o presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani (PMDB), quer instituir o Fundo Social dos Hospitais Públicos do Estado. De acordo com o projeto, que será votado hoje, o fundo complementará os recursos destinados ao aparelhamento, à construção, à manutenção e à reforma dos hospitais públicos. O Globo

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