ANJO DA MORTE NO SALGADO FILHO
"Não me arrependo, não"
A polícia diz que Edson Isidoro matou 100doentes terminais em um hospital públicodo Rio. Ele admite que matou cincoRoberta Paixão e Ronaldo FrançaNa manhã de sexta-feira passada, o auxiliar de enfermagem Edson Isidoro Guimarães chegou para seu último dia de trabalho, no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro. Seria preso algumas horas depois e apresentado pela polícia como responsável pela morte de cerca de 100 pacientes da unidade de pacientes traumáticos, UPT, onde trabalhava. A UPT é um departamento do hospital para onde são transferidos os doentes terminais. De acordo com o relato feito pelo enfermeiro Edson a VEJA, antes de começar o expediente de seu último dia ele deu uma passada na sala de cirurgia do hospital e desejou boa sorte a um rapaz baleado que seria operado dali a pouco. Ainda segundo seu relato, dirigiu-se à UPT e aproximou-se de Francisca Coutinho, de 69 anos, que ocupava um dos nove leitos da unidade. Em vez de verificar seu estado de saúde, conta, retirou a máscara de oxigênio que lhe cobria o rosto, esperou o tempo necessário para provocar sua morte e recolocou o apetrecho no lugar. Em seguida, deu alguns passos até o leito de Maria Aparecida Pereira, de 49 anos, e repetiu o que fizera pouco antes. "Não estou arrependido pelas pessoas que estavam morrendo. Elas estavam sofrendo", disse Edson na Delegacia de Homicídios.À polícia, Edson admitiu ter assassinado cinco pacientes, mas há fortes evidências de que essa conta seja mentirosa. De acordo com um levantamento feito pela Secretaria de Saúde do município, ele pode ter matado sessenta pessoas. A polícia trabalha com um número mais alto: 100 homicídios. Uma investigação feita pela Secretaria Municipal de Saúde após a prisão de Edson mostra que nos dias em que o enfermeiro ia trabalhar o número de mortes no seu setor subia 86%. Quando ele estava de folga, a UPT registrava em torno de duas mortes por dia. Computados apenas os dias em que ele aparecia para dar plantões, a média subia para 3,63. O levantamento contém algumas curiosidades. Entre os dias 1º e 3 de maio, quando Edson não estava trabalhando, não houve mortes na UPT. Ele voltou ao hospital em 4 de maio, e cinco pessoas morreram naquele dia. Os dados são tão impressionantes que, nos dias em que o enfermeiro dava plantão de 24 horas em vez das costumeiras doze horas, o total de óbitos dobrava. Foi o que aconteceu em 12 e 13 de abril, quando morreram respectivamente oito e seis pessoas.Dívida de 2.000 reais – O enfermeiro justificou os assassinatos alegando problemas financeiros. Disse estar desesperado por causa de uma dívida de 2.000 reais contraída no ano passado. "Eu queria abreviar o sofrimento dos doentes e ganhar algum dinheiro com isso", contou. No hospital, o pessoal do necrotério costuma ganhar uma comissão das funerárias quando as indica para as famílias dos pacientes", conta, sem alterar seu tom de voz baixo. "Então, resolvi procurar as funerárias para fazer o mesmo." Segundo ele, escolhia suas vítimas preferencialmente entre os idosos. Edson conta que muitos funcionários de hospitais recebem prêmios por avisar as funerárias. O prêmio é entregue àquele servidor que, comunicado da ocorrência de uma morte, telefona para a casa funerária. Se o negócio for fechado, tem direito a uma comissão. O bônus varia de 80 a 100 reais, diz. Matando as vítimas, Edson seria o primeiro a ligar, naturalmente.A prisão de Edson ocorreu como resultado de um trabalho de investigação burocrático e lento conduzido pela Secretaria de Saúde. No início do ano, foi identificado aumento no número de óbitos no setor onde Edson trabalhava. Pareceu aos técnicos que a elevação estaria ligada a um crescimento no total de atendimentos ocorrido no hospital. Segundo as estatísticas, o total de internações pulou de 200 por mês para 400. Portanto, as mortes poderiam ter explicação. "Em virtude de problemas nos hospitais estaduais, aumentou o fluxo de doentes para os hospitais municipais. Por isso, não desconfiamos de início", explica o secretário municipal de Saúde, Ronaldo Gazzola.A tese sustentou-se por cinco meses e foi desmontada por uma faxineira, cujo nome é mantido em sigilo pela polícia. Ela se aproximou de uma enfermeira há quinze dias e perguntou: "Vocês estão procurando a causa das mortes?" Fez em seguida um relato sobre o que havia presenciado. A mulher disse ter visto, em uma ocasião, Edson encher uma seringa e guardá-la no bolso. Quando ficava sozinho com os pacientes, injetava o líquido no cateter do soro, provocando sua morte. A coincidência chamou a atenção dela. A enfermeira, no começo, não acreditou na história, mas decidiu fazer um teste. Nos três primeiros dias de maio, deslocou Edson para o serviço de ambulância e não houve mortes na UPT. Na terça-feira da semana passada, dia 4, ele voltou ao departamento e os óbitos recomeçaram. A polícia foi acionada e montou uma operação para prendê-lo em flagrante na sexta-feira. O plano consistia em colocar alguns policiais à paisana no hospital e aguardar até que Edson pegasse uma seringa e se aproximasse de um paciente. Como ele foi direto até os leitos e retirou as máscaras, conseguiu matar dois doentes antes de ser preso.De acordo com a apuração feita pela polícia, Edson empregava duas armas para matar os doentes. Nos pacientes vítimas de acidentes de trânsito e em outros casos que pudessem produzir uma investigação policial (internação causada por tiro ou facada, por exemplo), o enfermeiro retirava a máscara de oxigênio. A morte cerebral ocorria em três minutos. Como a lei manda que em casos de morte violenta os corpos sejam necropsiados, a falta de oxigênio não seria detectada. Essa ação era precedida de alguns cuidados. Primeiro, ele desligava o alarme do equipamento que soa quando os batimentos cardíacos param. Esperava a morte por três minutos e então recolocava a máscara. O risco dessa opção era maior porque um colega poderia flagrá-lo numa atitude inexplicável. Para as vítimas de outros tipos de acidente (queimadura em casa, por exemplo), Edson preferia a injeção letal: uma solução de cloreto de potássio, injetada numa sonda ligada ao braço. O ataque é mais discreto, já que é de esperar que um enfermeiro seja visto aplicando injeções nos pacientes. "Eu disfarçava e aplicava a injeção", contou Edson.A substância provoca a contração total do coração. O órgão deixa de fazer o movimento de bombeamento de sangue. Cessa então a oxigenação do cérebro. A morte é inevitável. Em seguida, chamava o médico para diagnosticar o óbito. "Em casos de pacientes já debilitados, basta apenas meia ampola para provocar a morte súbita", diz Antônio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.Apartamento de três quartos – Casos de enfermeiros que resolvem matar pacientes sob o pretexto de "aliviar seu sofrimento" não são raros. Há dez anos, os habitantes de Viena, na Áustria, ficaram estarrecidos com a revelação de que quatro enfermeiras do Hospital Lainz, o melhor centro de tratamento geriátrico do país, assassinaram 69 pacientes idosos. Waltraud Wagner, Irene Leidolf, Maria Gruber e Stephanie Mayer ficaram conhecidas como "anjos da morte". Os assassinatos ocorreram durante seis anos. No começo, as enfermeiras aplicavam superdoses de insulina ou narcóticos nos pacientes terminais. Com o passar do tempo, os métodos tornaram-se mais perversos. Mandavam o doente beber água e ao mesmo tempo tapavam seu nariz. O líquido ia direto para os pulmões – uma morte dolorosíssima, mas que não deixava rastros. Outro caso de assassinato em hospitais europeus foi protagonizado pela enfermeira francesa Christine Malèvre, de 28 anos. Melhor aluna da faculdade onde havia estudado e funcionária exemplar do Hospital François Quesnay, nas proximidades de Paris, ela matou pelo menos trinta doentes com injeções letais de remédios. Em seu depoimento, disse que os "ajudava a morrer para abreviar-lhes o sofrimento".Em geral, o cotidiano dos matadores em série acaba apontando para algum traço doentio de personalidade. É assim com o maníaco do Parque do Estado, de São Paulo, detido no ano passado, e também com o maníaco da praia, preso no Rio Grande do Sul há duas semanas (veja reportagem). Com Edson é diferente. Assassino confesso de cinco pessoas, o maníaco do hospital é do tipo boa-praça. Aos 42 anos de idade, 1,84 metro e 82 quilos, ele é casado há treze anos com uma promotora de vendas desempregada e morava num apartamento de três quartos num condomínio de classe média baixa em Jacarepaguá. Seus programas eram comuns. Tomava chope com os amigos em uma pizzaria, freqüentava rodas de pagode e passeava com seu cachorrinho da raça poodle. Um de seus passatempos preferidos era pescar com o filho de 10 anos na praia da Barra da Tijuca. No trabalho, era considerado um funcionário tranqüilo. Na última sexta-feira, com sua prisão, um novo retrato de Edson começou a ser pintado. Com reportagem de Virginie Leite.
Me ajudem estou muito triste ele esta solto!
ResponderExcluirMe ajudem a divulgar ..
Edson Izidoro Guimarães, "o enfermeiro da
morte", é um ex-auxiliar de enfermagem que foi preso em 07 de maio
de 1999, quando trabalhava no plantão do Hospital Salgado Filho, acusado de 126
mortes ocorridas durante seus plantões e mais 5 confessadas.
Ele foi denunciado pelo Ministério Público por homicídio
triplamente qualificado (motivo torpe; emprego de asfixia e veneno; e mediante
recurso que impossibilitou a defesa das vítimas). Ele ficou conhecido como o
"enfermeiro da morte" por ter desligado os aparelhos respiratórios
das pacientes terminais. Ele também foi condenado por ter injetado cloreto de
potássio em Matias Gomes, matando-o por embolia pulmonar.
Em 17 de fevereiro de 2000, Edson Izidoro Guimarães foi condenado
a 76 anos de prisão.
Resultado da Lei brasileira: Edson Izidoro Guimarães está em
liberdade condicional prestando serviços sem fins lucrativos no HOSPITAL SOUZA AGUIAR no Centro do Rio de Janeiro.
Este texto é um protesto e indignação de todos que conheceram a barbaridade
do caso e pessoas que perderam entes queridos nas mãos deste assassino movido a
dinheiro sujo.
Comunidade: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=65647017